Puxar o gatilho
Em Puxar o gatilho, sua terceira coletânea de poemas, Cleo Vaz dá continuidade a seu projeto poético. Reconhecemos aqui a mesma voz lírica de Enxadrezados e Vácuo, enfaticamente feminina e visceral, combinando fragmentos de lembranças do passado com referências a poemas e canções. Na passagem do primeiro para o segundo livro já havia ocorrido uma espécie de depuração: a pontuação foi reduzida, as maiúsculas foram abolidas e os versos se tornaram mais curtos. De Vácuo para Puxar o gatilho esse processo é radicalizado. Agora os versos tendem a se encurtar ainda mais, e o corte da linha e uma ou outra linha em branco a separar um bloco de versos do outro são praticamente os únicos recursos de pontuação. O alinhamento é sempre à margem esquerda, sem os espaços em branco que criavam pausas no interior dos versos do livro anterior. A dicção é mais direta do que nunca (“onde foram parar as metáforas?”), e as sequências narrativas, quase sempre no presente do indicativo, não guardam nenhum vestígio de nostalgia; tudo é sempre agora: “vivo o presente espesso / estou entre passado e futuro”. Em alguns poemas, como “pedras portuguesas”, vamos encontrar verbos no pretérito nos versos iniciais — “havia um silêncio”, “o mundo estava acontecendo”; mas isso é apenas um ponto de partida, pois logo em seguida a voz mergulha no tempo que está sendo recriado, e nos vemos de volta no presente: “meu cabelo está malhado / mistura castanho e louro”. Como sempre, o protagonista é o corpo, suas sensações e vivências — “escrevo minha história no meu corpo” — e o impacto da realidade corpórea é mais forte do que qualquer sucedâneo — “uma rosa vermelha / e dez poemas / não iludem ninguém”. Puxar o gatilho vem reafirmar uma voz lírica inconfundível no cenário contemporâneo.
Características | |
Autor | Cleo Vaz |
Biografia | Em Puxar o gatilho, sua terceira coletânea de poemas, Cleo Vaz dá continuidade a seu projeto poético. Reconhecemos aqui a mesma voz lírica de Enxadrezados e Vácuo, enfaticamente feminina e visceral, combinando fragmentos de lembranças do passado com referências a poemas e canções. Na passagem do primeiro para o segundo livro já havia ocorrido uma espécie de depuração: a pontuação foi reduzida, as maiúsculas foram abolidas e os versos se tornaram mais curtos. De Vácuo para Puxar o gatilho esse processo é radicalizado. Agora os versos tendem a se encurtar ainda mais, e o corte da linha e uma ou outra linha em branco a separar um bloco de versos do outro são praticamente os únicos recursos de pontuação. O alinhamento é sempre à margem esquerda, sem os espaços em branco que criavam pausas no interior dos versos do livro anterior. A dicção é mais direta do que nunca (“onde foram parar as metáforas?”), e as sequências narrativas, quase sempre no presente do indicativo, não guardam nenhum vestígio de nostalgia; tudo é sempre agora: “vivo o presente espesso / estou entre passado e futuro”. Em alguns poemas, como “pedras portuguesas”, vamos encontrar verbos no pretérito nos versos iniciais — “havia um silêncio”, “o mundo estava acontecendo”; mas isso é apenas um ponto de partida, pois logo em seguida a voz mergulha no tempo que está sendo recriado, e nos vemos de volta no presente: “meu cabelo está malhado / mistura castanho e louro”. Como sempre, o protagonista é o corpo, suas sensações e vivências — “escrevo minha história no meu corpo” — e o impacto da realidade corpórea é mais forte do que qualquer sucedâneo — “uma rosa vermelha / e dez poemas / não iludem ninguém”. Puxar o gatilho vem reafirmar uma voz lírica inconfundível no cenário contemporâneo. |
Comprimento | 23 |
Edição | 1 |
Editora | 7 LETRAS |
ISBN | 9786559058136 |
Largura | 16 |
Páginas | 88 |